Locomotiva 103
Fabricante: North British Locomotive Co. Ltd.
Ano de fabricação: 1946
Placa: 25914
Tipo: Six-Wheeler (0-6-0T)
Bitola: 1,00m (3′ 3 3/8″)
Expansão do vapor: Simples
Produção de vapor: Superaquecido
Combustível: lenha (madeira) ou carvão (convertida em óleo BPF na década de 1950 devido à escassez e encarecimento da lenha).
Procedência: Leopoldina Railway, EF Leopoldina e Fábrica de Cimento Mauá
A locomotiva 103 é uma Six-Wheeler North British (rodagem 0-6-0) construída em 1946 para a Leopoldina Railway. Foi adquirida num lote 5 locomotivas, providas de super aquecedores e força de tração a 85% de pressão de 11.211kg.
O lote foi composto por:
- 02 locomotivas nº. 100 e 101, fabricadas em 1929
- 03 locomotivas nº. 102 a 104, fabricadas em 1946.
Essas locomotivas foram construídas especificamente para trabalhar no trecho da antiga E.F. Cantagalo, entre Cachoeiras de Macacu e a estação de Teodoro de Oliveira, município de Nova Friburgo-RJ, totalizando aproximadamente 20km. Esse era um dos trechos ferroviários mais complicados do país, sendo uma subida de serra com pesadas rampas (chegando a quase 9%) aliadas à curvas de raio muito apertado (até 30m) exigindo locomotivas com poder de tração elevado e ao mesmo tempo de base rígida curta.
Esse trecho de ferrovia era dotado originalmente do sistema Fell, que consiste em um terceiro trilho fixado no centro da via. As locomotivas, além das rodas “normais”, possuíam um conjunto de pares de rodas horizontais presentes na parte debaixo que “agarravam” o trilho central, aumentando a aderência e consequentemente a tração para a subida e a capacidade de frenagem na descida. Como o sistema era muito complexo e caro de se manter, ainda no final do século XIX, a então E.F. Cantagalo resolveu modificá-lo, passando então o trilho central a servir somente para auxílio na frenagem, sendo para isso adquiridas locomotivas da Baldwin modificadas para tal sistema. As locomotivas então eram convencionais tendo como diferença um sistema na parte de baixo com sapatas laterais que “agarravam” o terceiro trilho para ajudar a freiar a composição na forte descida.
Em 1929, já então no período Leopoldina Railway, duas novas locomotivas foram adquiridas na Inglaterra para atender a demanda no trecho; foram construídas pela North British e receberam os números 100 e 101. Em 1946 foram adquiridas mais 3 unidades idênticas do mesmo fabricante, recebendo os números 102, 103 e 104.
Essas locomotivas trabalharam nesse trecho até a sua desativação, em 1967, sendo todas as locomotivas recolhidas. Logo foram baixadas, sendo que a única que não foi sucateada foi a 103. Foi adquirida pela fábrica de cimento Mauá, em São Gonçalo-RJ, para uso em sua ferrovia que realizava o transporte de matéria prima desde a mina de calcário no distrito de Cabuçu, em Itaboraí-RJ. A 103 foi utilizada para manobrar os vagões dentro do pátio da fábrica provavelmente até fins dos anos 70 e permaneceu parada no pátio da fábrica. A desativação da mina ocorreu em 1983, devido ao esgotamento das reservas de calcário, data na qual a ferrovia também teria sido desativada.
Nessa mesma época, a 103 foi doada pela Companhia Nacional de Cimento Portland juntamente com a locomotiva 2 para ABPF. As locomotivas foram transportadas em vagões prancha (da antiga E.F.C.B.) para Campinas, onde foram descarregadas por um guindaste da Fepasa e então foram rebocadas até Jaguariúna velha, o pátio original da ABPF na cidade de Jaguariúna.
Ambas foram então levadas para o pátio da estação Carlos Gomes onde a 2 foi reformada e colocada em funcionamento em 1990 e a 103 permaneceu aguardando sua vez.
Por volta do ano 2000, a 103 foi levada para Paraíba do Sul-RJ onde havia a intenção de desenvolvimento de um projeto de trem turístico; infelizmente o mesmo não obteve êxito e em 2008 a locomotiva foi trazida para as Oficinas de Cruzeiro onde será restaurada.
Colaboraram
- Bruno Sanches
- Helio Gazetta
- Jonas Martins
- Délio Araújo