Locomotivas Sentinel
Estas locomotivas de manobras, três no total, foram compradas da Sentinel Wagon Works pela SPR (São Paulo Railway) em 1931 para atender a demanda de pequenas locomotivas de manobra. Nessa época, as primitivas locomotivas de manobras 2-4-0 e 4-4-0 adquiridas no começo da ferrovia (de 1862 até 1896) já começavam a ser retiradas de operação.
As “Sentinel” trabalharam basicamente nas manobras para formação de composições no pátio do Valongo (em Santos, SP) e na manobra dos vagões entregues ou recebidos do porto (já que a Companhia Docas não conseguia atender). Elas também trabalharam no pátio do Pari e nas Oficinas da Lapa, onde curiosamente no começo não usavam carvão e sim restos de madeira do setor de carpintaria das Oficinas. Quem as converteu para queimar óleo foi a sucessora da SPR, a EFSJ (Estrada de Ferro Santos a Jundiaí) nos anos 50.
Elas possuem 2 motores a vapor de dois cilindros cada um (medindo de 6 3/4″X 9″cada), acoplados em uma mesma caixa de engrenagens, sendo que um motor é para tracionar a locomotiva para frente e o outro para trás. Sempre um motor anda morto e a transmissão da tração a partir da caixa de engrenagens para os eixos é feita por correntes. Os motores são alimentados por uma caldeira vertical Sentinel Standard de 200HP, montada dentro da cabine do maquinista. Na SPR elas eram da classe “W” e consta como vendidas para a FNV em 1959 (porém já fora de serviço desde 1957).
Das três locomotivas, uma foi sucateada pela própria FNV, sendo que sobreviveram a 167 (número de série 8398) e a 166 (número de série 8400). As duas restantes trabalharam já no período Maxion da FNV até outubro de 2014, quando foram definitivamente desativadas. O mais impressionante disso tudo é que funcionaram em serviço por 85 anos, um robusto exemplo de durabilidade.
Com a sua desativação, a ABPF iniciou imediatamente conversações com a empresa quanto a preservação destas locomotivas e após uma longa negociação, a empresa aceitou uma das inúmeras ofertas de compra que a ABPF fez. Na compra estavam incluídas as duas locomotivas, o tanque de óleo usado no re-abastecimento e o estoque de óleo BPF existente.
Apesar da preservação destas locomotivas ser algo para se comemorar, o fim do uso destas significa também o fim do uso comercial de locomotivas a vapor no Brasil e do ultimo uso comercial de locomotivas Sentinel no mundo.
Após a compra, foi feito o transporte das locomotivas para o pátio da ABPF em Cruzeiro, para saber mais detalhes desta operação, visite: Transporte das Locomotivas Sentinel
Colaboraram:
- Andy Chapman
- Bruno Crivelari Sanches
- Felipe Crivelari Sanches
- Juan Guilherme Rudolph
- Thomas Corrêa
- Thomas Schultz
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