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Manutenção de Via Permanente

27 dez

Um aspecto pouco lembrado em matérias sobre ferrovias é a manutenção da via permanente, que engloba os trilhos, dormentes, pontes, túneis, etc. No caso das operações da ABPF, este trabalho é feito em dias úteis por uma equipe exclusiva para este trabalho.

A manutenção da via é feita constantemente durante todo o ano e é a responsável por um dos maiores custos de manutenção dos trens turísticos mantidos pela regional (o Trem da Serra da Mantiqueira em Passa Quatro e o Trem das Águas em São Lourenço).

Somente este ano foram adquiridos quase quatro mil dormentes para serem empregados na via, sendo que destes, 3.100 são destinados exclusivamente para Passa Quatro. Pode parecer pouco se comparado com grandes ferrovias, mas no caso da via em Passa Quatro, isso representa a substituição de aproximadamente 25% de todos os dormentes.

Dormentes recém adquiridos estocados em Passa Quatro

Parte dos dormentes recém adquiridos estocados em Passa Quatro

No Trem da Serra da Mantiqueira, a ABPF faz a manutenção de aproximadamente 11 kms de via permanente, incluindo o Túnel da Mantiqueira, que apesar de não estar em uso, também recebe manutenção periódica.

Já no Trem das Águas, também são mantidos em torno de 10 kms de via permanente, sendo que hoje, aproximadamente 80% da via já utiliza dormentes de concreto, que a ABPF veio instalando ao longo dos últimos anos.

Este ano, além dos trabalhos rotineiros de manutenção, destacamos alguns trabalhos feitos em Passa Quatro. O primeiro foi a construção de um novo bueiro no km 26 da ferrovia (próximo a estação Coronel Fulgêncio).

Bueiro recém construído no km 26

Bueiro recém construído no km 26

O bueiro é essencial para o escoamento das águas de chuva, principalmente no trecho de serra, pois a falta deste pode ocasionar deslizamentos e outros problemas na via.

Mas o trabalho mais complexo este ano na via permanente foi a reforma da Ponte Estrela, que é o cartão postal da ferrovia. Foram trocados no total 100 dormentes, sendo todo os 40 dormentes da ponte e 60 dormentes nas duas cabeceiras.

Aspecto da Ponte Estrela antes do inicio dos trabalhos

Aspecto da Ponte Estrela antes do inicio dos trabalhos

A troca de dormentes nas ponte é um tanto complexa em comparação a demais trechos, pois os dormentes precisam ser “encaixados” na estrutura da ponte. Isto requer que sejam entalhados e que toda a via na ponte seja desmontada. Outro fator complicador e específico da Ponte Estrela é que a via no local é em curva, o que requer que durante o entalhamento dos dormentes, seja levado em conta a super elevação da curva.

Na primeira etapa dos trabalhos, foram removidos os contra-trilhos da ponte e trocados os dormentes da cabeceira superior da ponte.

Remoção dos dormentes na cabeceira superior da ponte, olhando-se no sentido Passa Quatro - Coronel Fulgêncio

Remoção dos dormentes na cabeceira superior da ponte, olhando-se no sentido Passa Quatro – Coronel Fulgêncio

Instalação de novos dormentes na cabeceira superior, observe o dormente maior, em primeiro plano, onde são fixadas as pontas dos contra trilhos.

Instalação de novos dormentes na cabeceira superior, observe o dormente maior, em primeiro plano, onde são fixadas as pontas dos contra-trilhos.

Aplicação de lastro após instalação dos novos dormentes, na cabeceira superior.

Aplicação de lastro após instalação dos novos dormentes, na cabeceira superior.

Após finalização da cabeceira superior da ponte, os trabalhos foram concentrados na cabeceira inferior:

Inicio da remoção dos dormentes na cabeceira inferior

Inicio da remoção dos dormentes na cabeceira inferior

Novos dormentes instalados na cabeceira inferior da ponte.

Novos dormentes instalados na cabeceira inferior da ponte.

Aplicação de lastro na cabeceira inferior.

Aplicação de lastro na cabeceira inferior.

Com a renovação das cabeceiras da ponte, foi iniciada a etapa mais complexa do trabalho, que consiste na troca dos dormentes da ponte, que no geral, ainda se encontravam em bom estado, sendo que apenas três que estavam completamente podre. Como o trabalho na ponte é extremamente complexo em relação ao resto da via, optou-se pela renovação de todos os dormentes ao invés de trocar apenas os dormentes podres, evitando-se assim que seja preciso realizar esta operação com frequência.

Aspecto da ponte antes da troca dos dormentes

Aspecto da ponte antes da troca dos dormentes, sendo que a grande maioria ainda se encontra em bom estado, mas já chegando ao final da sua vida útil.

Parte dos dormentes removidos da ponte.

Parte dos dormentes removidos da ponte.

Novos dormentes para instalação na ponte. Observe a diferença de profundidade entre os entalhes para que seja garantida a super elevação da curva.

Novos dormentes para instalação na ponte. Observe a diferença de profundidade entre os entalhes para que seja garantida a super elevação da curva.

Instalando novos dormentes na ponte, observe o contraste entre os dormentes novos e os antigos, no fundo da imagem.

Instalando novos dormentes na ponte, observe o contraste entre os dormentes novos e os antigos, no fundo da imagem.

A ponte já com todos os dormentes novos, olhando-se no sentido Coronel Fulgêncio - Passa Quatro

A ponte já com todos os dormentes novos, olhando-se no sentido Coronel Fulgêncio – Passa Quatro

A ponte já com todos os dormentes novos, olhando-se no sentido Passa Quatro - Coronel Fulgêncio

A ponte já com todos os dormentes novos, olhando-se no sentido Passa Quatro – Coronel Fulgêncio

Por fim, após conclusão dos trabalhos na ponte, foi feita a recuperação de mais algumas dezenas de metros na cabeceira superior da ponte, que incluiu a troca de dormentes e recuperação do lastro:

Aspecto da via na cabeceira superior, onde foram trocados os dormentes e renovado o lastro. Observe nas laterais a terra que foi removida do lastro.

Aspecto da via na cabeceira superior, onde foram trocados os dormentes e renovado o lastro. Observe nas laterais a terra que foi removida do lastro.

Aspecto da via na cabeceira superior da ponte, olhando-se no sentido Coronel Fulgêncio - Passa Quatro

Aspecto da via na cabeceira superior da ponte, olhando-se no sentido Coronel Fulgêncio – Passa Quatro

Lembrando que este artigo mostra apenas parte dos trabalhos de via permanente realizado constantemente na ferrovia e que durante todo o ano colaboradores da ABPF fazem a manutenção periódica de toda via, que inclui trabalhos como troca de dormentes, renovação de lastro, limpeza, manutenção de sinalização, rondas, etc.

 

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9 Respostas para “Manutenção de Via Permanente

  1. Julio Moraes

    27 de dezembro de 2013 at 22:58

    Parabéns polo post muito interessante e instrutivo. Realmente, quem anda de trem não imagina todo o trabalho de bastidores que se destina a garantir a qualidade e segurança da operação, e este post, muito bem escrito e ilustrado, explica de maneira simples como é feito este serviço.

     
    • Marcos Orlando

      29 de dezembro de 2013 at 15:22

      Com certeza é um trabalho e tanto eu conheço alguma coisa pois eu trabalho com um amigo que trabalhou na supervia e ainda me falou que os trilhos servem para o envio de impulsos de sinais tendo os trilhos bem conectados para que não haja perda de sinal.

       
      • bcsanches

        30 de dezembro de 2013 at 8:24

        Olá Marcos, obrigado!

        Essa transmissão de sinais elétricos ocorre apenas quando a via usa alguma sistema de sinalização eletrônica, que não é nosso caso.

        Obrigado!

         
    • bcsanches

      30 de dezembro de 2013 at 8:26

      Muito Obrigado Julio!

      Fico feliz em saber que ficou claro, pois o objetivo é exatamente este: orientar nossos visitantes para eles saberem um pouco mais de todo trabalho que ocorre para manter o trem.

       
  2. Flavio Cesar da Silva

    28 de dezembro de 2013 at 8:24

    EXCELENTE TRABALHO, PENA QUE A PREFEITA DE MINHA CIDADE CRUZEIRO-SP (ANA KARIN) NÃO PENSA O MESMO. ELA ACHA QUE ESSE TIPO DE TURISMO É BOBAGEM E PERDA DE TEMPO. ELA JOGO TODA A NOSSA RICA HISTORIA RALO A BAIXO.

     
    • bcsanches

      30 de dezembro de 2013 at 8:24

      Infelizmente a cidade de Cruzeiro esta literalmente soterrando sua história.

       
  3. Plinio

    8 de janeiro de 2014 at 4:06

    A resposta do povo tem que ser dada nas urnas. Claro que um prefeito que pensa em enterrar a história deve não só ser exonerado como ainda pagar multas pelo estrago causado ao país!

     
  4. Euripedes Santos Ferreira

    15 de janeiro de 2014 at 21:57

    Olá bcsanches, boa noite. Simplesmente espetacular o trabalho de manutenção de via da equipe da ABPF. Meus sinceros parabéns. Sabe o que eu gostaria de fazer? Enviar essa equipe para dar manutenção nas vias da ALL. Ou mandar o pessoal da ALL aprender como se faz uma manutenção de via permanente com vocês da ABPF. Assim, eu tenho certeza que o desastre de Rio Preto teria sido evitado. Novamente muitos parabéns pela qualidade do trabalho e cuidados na execução.

     
    • bcsanches

      16 de janeiro de 2014 at 10:16

      Muito obrigado Euripedes!

       

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