Após nove meses de negociação a ABPF e a Maxion Componentes Estruturais chegaram em um acordo quanto as Locomotivas Sentinels.
Em resumo: estas locomotivas a vapor foram fabricadas pela Sentinel Wagon Works, empresa inglesa que em 1931 fabricou três locomotivas com caldeira vertical para a SPR (São Paulo Railway), que eram utilizadas para manobras por esta ferrovia. Estas locomotivas foram vendidas para a FNV (Fabrica Nacional de Vagões) em 1959. Assim foram então transferidas para Cruzeiro – SP, onde trabalharam até outubro de 2014, quando foram definitivamente desativadas.
Com a desativação destas, a ABPF iniciou imediatamente conversações com a empresa quanto a preservação destas locomotivas e após uma longa negociação, a empresa aceitou uma das inúmeras ofertas de compra que a ABPF fez. Na compra estavam incluídas as duas locomotivas (a terceira locomotiva foi sucateada pela FNV décadas atrás), o tanque de óleo usado no re-abastecimento e o estoque de óleo BPF existente.
Apesar da preservação destas locomotivas ser algo para se comemorar, o fim do uso destas significa também o fim do uso comercial de locomotivas a vapor no Brasil e do ultimo uso comercial de locomotivas Sentinel no mundo.
Para saber mais detalhes sobre a história delas, visite a página: Locomotivas Sentinel
Com o acordo de compra fechado, iniciou-se a operação para transporte, sendo que a ABPF precisou alugar uma carreta e foi necessário utilizar dois guindastes da própria Maxion para colocar as locomotivas na carreta. Para descarregar as mesmas em Cruzeiro, foi preciso construir uma rampa para desembarque com bitola mista:

Inicio do construção da rampa

Dormentes no lugar e trilhos de bitola larga também

A rampa já tomando sua forma final

Com o terceiro trilho e praticamente pronta

Verificando a altura em relação a carreta
Com a rampa pronta, já era então possível buscar as locomotivas. Mas existe uma restrição quanto a passagem de carretas pesadas pelo viaduto na saída da Maxion, ou seja, a viagem de 1,5kms, se estendeu bastante. A rota direta é mostrada abaixo:

A rota direta da Maxion até a rampa, a seta azul indica o pátio onde elas trabalhavam.

E o caminho que teve que ser seguido…
Transporte da Locomotiva 167
No dia 26/8, por volta das 13:30hs da tarde foi iniciado o carregamento da locomotiva 167, que saiu da fabrica por volta das 14:40hs:

A locomotiva 167, logo após sair do interior da fábrica, no pátio externo, onde a equipe da ABPF removeu apito e válvulas de segurança para redução da altura.

Locomotiva 167 logo após chegar no pátio da ABPF, aguardando que os trilhos da carreta fossem conectados aos da rampa.

A locomotiva aguardando o desembarque

Removendo as “amarras” para começar a movimentação

Inicio da movimentação, com a pequena manobreira alemã. Como não existia terceiro trilho na carreta, foi preciso usar um cabo de aço para puxar a 167 até a ponta da carreta

A 167, logo após o desembarque

Locomotiva 167, guardada no pátio da ABPF
Transporte da Locomotiva 166
No dia 27/08/2015 a carreta foi novamente enviada a Maxion, desta vez logo pela manhã por volta das 08:00hs. Em torno das 09:15 a mesma já estava no pátio externo da Maxion, quase pronta para seguir viagem:

Locomotiva 166, no pátio externo da fábrica onde a ABPF instalou um “pantógrafo”, para evitar que ela enroscasse em fios.

Atravessando a ponte sobre o Rio Paraíba

O “pantógrafo” (cata-fios) em ação!

Nos trevos da rodovia, indo fazer o retorno para pegar a estrada sentido Cruzeiro

Após o retorno, indo para a alça do trevo.

Após sair da alça, agora indo em direção a Cruzeiro…

Passando pelos fundos da Maxion…

Passando em frente as oficinas da ABPF…

Finalmente chegando na rampa…
Após chegada na rampa, a carreta foi alinhada e os trilhos conectados…

Alinhando a carreta com a rampa

Detalhe do alinhamento dos trilhos
Infelizmente a 166 veio com um engate faltando, a Maxion forneceu um outro engate substituto, mas este não se encaixa nela. Então fizemos a tentativa de remover o engate traseiro e colocar o mesmo na frente, operação esta que contou com a apoio da BS Locações (que auxilou em toda a operação, desde a construção da rampa ao desembarque).

Ajustando o engate
Mas infelizmente o engate traseiro é maior que os demais, só encaixando mesmo na parte traseira da locomotiva 166, então foi necessário improvisar o desembarque sem engate mesmo.

Após o desembarque, a dupla de sentinels e a manobreira diesel.

As duas sentinels reunidas novamente.

A 166, no seu novo lar!
Planos Futuros
No momento não existem planos concretos quanto ao uso das locomotivas. O objetivo principal de toda operação era garantir a preservação das Sentinels, objetivo este concluído agora que ambas se encontram sob cuidados da ABPF.
É provável que em 2016 sejam iniciados trabalhos de reforma das locomotivas, é importante ressaltar que a locomotiva 167 esta operacional, pois foi reformada recentemente pela Maxion. Já a locomotiva 166 teve sua reforma iniciada e não foi concluída, estando com o motor parcialmente desmontado.
As locomotivas eventualmente vão funcionar no pátio de Cruzeiro para exposição e manutenção das mesmas.
Repercussão Internacional
A notícia do resgate das locomotivas já se espalhou pelo mundo afora, já foi publicada em dois blogs:
http://sentinel7109.blogspot.co.uk/2015/08/preservation-moves-in-brazil.html
http://www.farrail-blog.com/englishposts/2994/