A ABPF – Associação Brasileira de Preservação Ferroviária – Regional Sul de Minas hoje dá mais um importante passo adiante na preservação da memória ferroviária nacional. Avançando na linha do tempo, nossa atenção está cada vez mais voltada ao material rodante mais “novo” e significativo historicamente. A ABPF já vem nos últimos anos resgatando locomotivas diesel-elétricas, diesel-hidráulicas, diesel-mecânicas, carros de aço carbono e inox dentre outros itens e agora adquire uma locomotiva diesel-elétrica de grande porte de geração mais recente do que as anteriores: trata-se da locomotiva GE modelo C30-7A nº 7202 ex. Cutrale-Quintella.
A locomotiva foi adquirida da empresa de reciclagem que a adquiriu juntamente com as seis demais afim de se evitar que a mesma tivesse o mesmo destino das outras: o desmanche para reaproveitamento dos materiais.
A ABPF e a Rumo firmaram uma grande parceria e hoje, dia 16/07, a locomotiva segue para as oficinas da Rumo em Araraquara, onde será recuperada e colocada em ordem de marcha. Projetos estão sendo elaborados em parceria para posterior utilização da mesma. A Rumo tem sido uma grande parceira da ABPF na causa da preservação ferroviária; tem demosntrado grande sensibilidade e interesse no resgate da memória ferroviária do país e vem sendo um valoroso parceiro.
A ABPF agradece à Rumo e a todos os seus colaboradores, em especial ao seu presidente, Dr. Júlio Fontana e a sra. Carmen, que tem sido preponderantes em grandes realizações no tocante à ações voltadas ao resgate da memória das ferrovias brasileiras.
Breve histórico
A GE C30-7A nada mais é do que uma variante da antiga C30-7 com algumas atualizações. Externamente é similar ao modelo antigo, tendo como diferença mais significativa o arranjo das portas de acesso ao longo do corpo longo da locomotiva; são seis portas altas de cada lado (ao invés de oito como nas C30-7). A principal diferença entre o modelo atualizado e o antigo é a motorização: o antigo motor diesel FDL de 16 cilindros foi substituído por um de 12 capaz de produzir os mesmos 3.000 cavalos de com um cosnumo menor de combustível.

Foto da 7202 recém completada em dezembro de 1990 – foto de divulgação publicada na Revista Ferroviária de dezembro de 1990 – Acervo de Flávio Cavalcanti – Centro-Oeste Brasil
A ferrovia norte-americana Conrail foi a primeira e única daquele país a adiqurir as C30-7A, sendo 50 unidades fabricadas entre maio e junho de 1984 e entregues no mesmo ano, não havendo encomendas posteriores.
Das 50 unidades da Conrail, em 2001 doze foram adquiridas pela Chicago Freight Car Leasing Australia em 2001 que utilizou seus componentes de tração na reconstrução de 442 locomotivas da classe GL, que vieram a entrar em operação na Austrália a partir de 2003.
Somente em 1990 a Cutrale-Quintella veio a realizar um segundo pedido de locomotivas desse modelo, sendo essa a última compra de locomotivas C30-7A no mundo. Foram sete unidades ao todo, numeradas de 7201 a 7207 destinadas a tracionar tracionar trens de soja e laranja (farelo cítrico) para exportação, no trecho da estação Boa Vista (Campinas) à estação Perequê (baixada santista), com cerca de 250 km de extensão, sendo entregues para operação no dia 10 de janeiro de 1991. Eram operadas e mantidas pela FEPASA e quando do processo de desetatização da malha ferroviária, passaram a ser operadas e mantidas pela Ferroban, que se tornou Brasil Ferrovias, posteriormente incorporada pela ALL e finalmente Rumo.
Foram retiradas de operação em 2017, sendo devolvidas ao proprietário (Cutrale-Quintella) que veio a vendê-las, sendo todas as unidades adquiridas por uma empresa de reciclagem que chegou a desmontar seis das sete locomotivas, restando apenas a nº7202.
Após algum tempo, a 7202 foi oferecida para a ABPF pelo proprietário, onde o mesmo manifestou-se que caso não houvesse interesse da associação em adquirí-la, a mesma teria o mesmo destino das demais: desmanche para reaproveitamento dos materiais. Uma visita foi então agendada para se avaliar o estado atual da locomotiva e a partir daí iniciaram-se as negociações, onde os detalhes e valores foram acordados e a locomotiva então adquirida da empresa de reciclagem pela ABPF, evitando-se assim que a mesma tivesse o mesmo destino das demais.

A 7202 sendo rebocada até o entroncamento onde seria anexada ao trem que a levará para as oficinas de Araraquara

Manobras ao entardecer, já aguardando o trem que chegaria para anexá-la para seguir viagem até Araraquara

Mais uma foto da 7202 como estava em Rio Claro quando foi vista pela primeira vez. Esse foi o primeiro passo dado em direção às negociações que propiciaram a garantia de salvaguarda da mesma
Rômulo Fávero
16 de julho de 2018 at 19:39
Só posso deixar aqui meus parabéns á ABPF Sul de Minas!!!
bcsanches
17 de julho de 2018 at 12:44
Muito obrigado!
Vanderlei A. Zago
16 de julho de 2018 at 19:51
Parabéns! Mais uma locomotiva diesel EFETIVAMENTE salva do sucateamento.
Flavio Feitosa
17 de julho de 2018 at 13:15
Parabéns pela aquisição, tomara que ela fique linda como era, gostaria q a alco PA em campinas tivesse a msma sorte que essa GE.
bcsanches
17 de julho de 2018 at 13:59
Obrigado! Quem sabe um dia conseguiremos ao menos fazer uma restauração cosmética na PA.
Luiz Eduardo Silvino Bueno
17 de julho de 2018 at 17:12
Parabéns a ABPF Sul de Minas, este é sem dúvida um passo gigantesco para a preservação do parque de tração nacional! Agora vocês terão uma gama de possibilidades para explorar, como sera sua nova pintura! Qual trem e em qual local ela realizara suas atividades! Enfim agora começa a melhor parte da história! Parabéns!
bcsanches
17 de julho de 2018 at 17:27
Muito obrigado! A pintura ainda estamos discutindo opções e por enquanto não temos atividades previstas. Isso vai ser definido futuramente.
Fábio Alex
17 de julho de 2018 at 21:28
Uma ótima notícia, só uma dúvida ela pode ser pintada como ela era ou não, se sim seria show, parabéns.
bcsanches
18 de julho de 2018 at 10:08
Obrigado! No momento ela não deve receber o padrão original, mas estamos planejando para o futuro.
Julio Moraes
17 de julho de 2018 at 23:43
A ABPF-Sul de Minas sempre consegue surpreender com as suas iniciativas, sempre adiante do nosso tempo. Impressionante o grau de eficiência, num pais em que a preservação do patrimônio nunca é feita como deveria. Vocês são a exceção à regra!
bcsanches
18 de julho de 2018 at 10:12
Muito obrigado Julio!
Aloizio Barros de Souza
17 de dezembro de 2018 at 14:42
Faço minhas, suas palavras.
bcsanches
17 de dezembro de 2018 at 14:42
Muito obrigado pessoal!
Samyr
19 de julho de 2018 at 13:30
Será que conseguiremos fazer um trem turístico de campinas a rio claro assim como tem em santa Catarina com parceria com a rumo?
bcsanches
19 de julho de 2018 at 21:52
Olá, estamos discutindo possibilidades parecidas com esta, mas no momento não temos nada garantido.
Aloizio Barros de Souza
17 de dezembro de 2018 at 14:40
Mais uma vez, temos que tirar o chapéu para o Bruno e o pessoal da ABPF Sul de Minas pela luta na preservação de nossas ferrovias.
Antonio Gilberto de Figueiredo
23 de dezembro de 2018 at 16:23
Seria muito bom se Empresas interessadas pudessem fazer um Trem Turístico onde a malha Ferroviária permitisse de Jundiaí para o Interior, mesmo que rodasse alguns dias na semana em cada região. Seria muito bom para ser verdade. Parabéns pela primeiro passo.